A história conta a relação amorosa entre Simão Botelho, de 17 anos, e Teresa de Albuquerque, com 15 anos. A história se passa em Coimbra, onde estudava Simão, e Viseu, onde as famílias residem.
Esta paixão encontrou a oposição da família de Teresa. Mesmo os dois jovens pertencendo a famílias de origem fidalga, Simão tinha uma maior afinidade para com as pessoas do povo, preferência que também era criticada pela sua irmã Rita, que o acusava de desprezar a sua linhagem. Para complicar, o primo de Teresa, Baltasar, quer que Teresa o aceite como marido e recebe o apoio da sua família. Por Teresa recusar seu primo, é enviada para um convento.
Simão tenta ver a garota, mas é impedido pela família e pelo seu primo. Revoltado pela proibição injustificada e com medo de mais violência que poderia forçar Teresa a se casar com Baltazar, Simão tira proveito de uma provocação na rua e mata-o. Ele se recusa a fugir e se entrega às autoridades. Primeiramente foi condenado à forca e depois, a pedido de seu pai, tem a sentença modificada para dez anos de exílio nas Índias portuguesas. O final da história é trágico, tal qual os amantes “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare.
Camilo Castelo Branco foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX. Considerado o expoente do romantismo em Portugal.
O escritor nasceu em 1825, em Lisboa. Ficou órfão de mãe e pai muito jovem e foi criado por uma tia, em Vila Real. Estudou na Escola Médica do Porto e, mais tarde, em Direito.
Camilo tinha uma personalidade irrequieta e inconstante e esteve envolvido em polêmicas durante toda a sua vida. A sua vida pessoal foi muito tumultuada. Casou aos 16 anos e as suas ligações amorosas eram motivo de escândalo para a moral vigente.
O relacionamento mais marcante foi o que teve com Ana Plácido, também escritora. Esta relação levou-o os dois à prisão. Camilo foi acusado de “cópula com mulher casada”, já que Ana era casada com um rico comerciante brasileiro que aqui vivia. Foi na cadeia que, em menos de 15 dias, Camilo Castelo Branco escreveu o clássico “Amor de Perdição”, no ano de 1861.
Ao fim de um ano de prisão, Camilo e Ana Plácido são absolvidos dos crimes que tinham sido condenados (curiosamente pelo Juiz José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz, pai do então muito pequeno, Eça de Queiroz)
Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal. Em toda a sua vida, produziu mais de 250 obras, com média superior a 6 livros por ano.
A partir de 1865 começou a sofrer de uma progressiva cegueira. A morte do filho e as dívidas, somadas à cegueira foram motivos do seu suicídio, com um tiro de revólver, aos 65 anos, em Famalicão.
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Em 2012, um exemplar da 1ª edição de “Amor de Perdição” foi vendida por 2.300 euros.
Após a sua publicação, o Amor de Perdição depressa se tornou na obra mais conhecida do autor. Foi traduzida para o espanhol, italiano, alemão, russo, norueguês, inglês, mandarim, dentre outras.
Amor de Perdição foi adaptado seis vezes para cinema e uma vez para o teatro. Também serviu de inspiração para novela, na televisão brasileira (TV Cultura).
A presente obra encontra-se sob domínio público ao abrigo do art.º 38 do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos (70 anos após a morte do autor). Você pode acessá-la aqui.
Se você achou interessante essas histórias todas, pode conhecer os locais onde elas aconteceram em Portugal. Consulte-nos e faça um orçamento de um tour temático.
Centro Português de Fotografia – Porto (antiga Cadeia da Relação, onde Camilo ficou preso, quando escreveu sua obra-prima)
Casa-Museu Camilo – Vila Nova de Famalicão, com mobiliário que pertenceu a Camilo e à sua família, utensílios de uso pessoal, documentos escritos e biblioteca particular do escritor.