Árvores em Portugal: Enoturismo e Olivoturismo

Conheça a gastronomia e belezas de Portugal através de quatro árvores emblemáticas: Ginjeira, Oliveira, Sobreiro e Videira
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Portugal possui uma beleza natural ímpar. A flora desse pequeno país nos conta histórias jamais pensadas por outros povos. Em outras palavras: nas andanças por Portugal descobri curiosas histórias, que tem a ver com árvores que serviram de inspiração.

Escolhi quatro árvores para representar Portugal. Através delas contarei um pouquinho sobre as lindas tradições desse pequeno pedaço do paraíso!

GINJEIRA

Nome científico: Prunus cerasus

A Ginjeira é da família das cerejeiras. Por isso, são árvores pequenas. Raramente ultrapassam os 5 m de altura. Perdem suas folhas no inverno. Dão um fruto chamado Ginja que, quando maduros tem uma tonalidade que vai do rosado ao vermelho muito escuro.

A ginja, quando macerada, dá origem à uma bebida muito popular em Portugal, conhecida como Licor de Ginjinha. É costume servir o Licor com uma fruta curtida no fundo do copo. Servida assim, diz-se “com elas”. Quando o licor é tomado puro, diz-se “sem elas”. Além disso, o licor de Ginja pode ser servido em copinhos de chocolate, o que garante uma combinação maravilhosa!

RECEITA DO LICOR DE GINJINHA:

«Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes: 11 igrejas; um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores; umas quantas chaminés mouriscas; 2 dúzias de ruas empedradas; 1/2 dúzia de largos e um pelourinho. Mexe-se continuadamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições que baste e uns quantos atos históricos a gosto. Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante oito séculos. Deve beber-se no local próprio, com elas ou sem elas, à temperatura ambiente.»

Tradição popular

As principais regiões produtoras do licor de Ginjinha são Lisboa, Óbidos, Alcobaça e Algarve.

LOCAL A VISITAR: Óbidos – a vila das rainhas

Óbidos é um vilarejo medieval que oferece algo parecido como uma viagem no tempo. É uma charmosa vila cercada por uma alta muralha de pedra. Caminhar no alto de suas muralhas é uma experiência única, pois lá de cima avistam-se lindas paisagens.

A vila de Óbidos tem muitas casas, lojas, cafés, restaurantes, hotéis, igrejas e museus. A cada passo que se dá pelas estreitas ruas da vila é uma bela descoberta. Além disso, pode-se conhecer os principais pontos turísticos da vila num romântico passeio de charrete. E, pra fechar com chave de ouro, não deixe de experimentar o famoso e saboroso Licor de Ginjinha! Ainda mais podendo levar de presente pra alguém especial uma embalagem com uma garrafa de licor de ginja e copinhos de chocolate!

Um presente real

Óbidos guarda uma história muito bonita: em 1148, o Castelo e a Vila de Óbidos foram reconquistados por D. Afonso Henriques, das mãos dos mouros. Posteriormente, as muralhas do castelo foram reforçadas e suas torres reconstruídas. E suas casas em branco foram restauradas.

No século XIII, D.Dinis visita a Óbidos. E, por apreciar bastante essa vila, oferece-a de presente à sua noiva, futura rainha D.Isabel de Aragão. A partir daí a Vila passa a fazer parte das propriedades de cada uma das rainhas de Portugal. Esta tradição perdurou até o ano de 1833. Mas foi o suficiente para deixar marcas na cidade, pois, cada rainha que herdava a vila erguia ali uma nova igreja.

Óbidos hoje é considerada uma das 7 Maravilhas de Portugal. Visto que possui um rico legado histórico do passado e ainda uma vasta e diversificada programação cultural, o que atrai turistas de todo o mundo.

Além disso, se pretende se hospedar na região, recomendo o Recanto do Rainho. Porque é uma aconchegante acomodação familiar, que fica em Caldas da Rainha.

OLIVEIRA

Nome científico: Olea europaea

A Oliveira é uma planta arbórea, de porte médio, que raramente ultrapassa os seis metros de altura. É um dos casos muito raros de plantas que podem ultrapassar mais de mil anos e manter-se produtiva durante toda a sua vida.

Das árvores existentes em Portugal, esta é uma das mais representativas. Dizem que existem mais de 10 milhões de oliveiras em Portugal: uma para cada habitante.

Muitas cidades em Portugal tem seus nomes inspirados por esta linda árvore: Oliveira do Bairro, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Hospital, entre tantas outras.

O “ouro líquido” de Portugal

A oliveira produz azeitonas, que são usadas para fazer azeite (ou óleo de oliva, como é mais conhecido no Brasil). O azeite português tem como características o seu aroma frutado, ligeiramente espesso, cor de ouro ou amarelo esverdeado, amargo, picante ou mais adocicado, suave ou intenso. Por este motivo, é chamado por muitos de “ouro líquido”.

O azeite de oliva é muito saudável pois possui poderosa ação antioxidante. Em regiões como o Aletenjo e Trás-os-Montes o clima favorável garante um elevado grau de qualidade aos azeites produzidos nestas regiões.

Outra curiosidade em torno das oliveiras é a que diz respeito à sua longevidade.  A oliveira mais antiga de Portugal tem 3350 anos e fica em Mouriscas. Tem um perímetro médio de 6,5 metros e mede mais de 12 metros de altura.

País sob forte influência de clima mediterrânico, em Portugal a oliveira marca a paisagem desde tempos antiquíssimos. Atualmente Portugal é responsável por 2,5% do azeite produzido a nível mundial. Trás-os-Montes é segunda região que mais azeite produz em Portugal, atrás apenas do Alentejo.

Olivoturismo

O olivoturismo é um segmento do turismo em alta em Portugal. Sugerimos um passeio em Trás-os-Montes. Pois lá você poderá usufruir da Rota do Azeite, com quatro roteiros diferenciados. Em cada um dos roteiros, pode-se apreciar as belezas naturais e arquitetônicas da região. Pode-se visitar lagares de azeite e aprender sobre a apanha da azeitona, o transporte, a seleção e a prensagem.

Os turistas podem ainda participar da colheita de azeitonas nos olivais, num ambiente bucólico e rural. E, ao final, degustar uma tiborna, que é um pão quente embebido em azeite. E sem dúvida, acompanhado de vinhos típicos da região.

Em Mirandela pode-se ainda fazer um tratamento cosmético à base de oleoterapia, uma massagem corporal hidratante e relaxante em que é utilizada uma mistura de azeite com óleo de amêndoas doces e aroma de jasmim.

LOCAL A VISITAR: Torre de Moncorvo – capital das amendoeiras

Torre de Moncorvo localiza-se no distrito de Bragança. É conhecida como a capital das amendoeiras do Norte do país. Suas principais culturas são a amendoeira, a oliveira e a vinha. Também muito comum na região é o pastoreio de cabras. Estas características estão latentes nos usos e costumes, assim como na gastronomia e artesanato da cidade.

Para conhecer melhor Torre de Moncorvo, aconselha-se um percurso a pé pelo centro histórico. Visite o Museu do Ferro e conheça um pouco melhor a história da região. Além disso, em lojinhas no centro da cidade você pode acompanhar a produção artesanal de amêndoas doces e levar um pacotinho pra casa, junto com um souvenir.

A Igreja Matriz de Moncorvo é dedicada à Nossa Senhora da Assunção. E é a maior igreja de Trás-os-Montes, maior até do que a Sé de Miranda do Douro e a Sé de Bragança. Visitá-la é voltar no tempo…

Torre de Moncorvo – onde comer e se hospedar

Para almoçar, não tem erro. É só descer a rua ao lado da Igreja Matriz e você já irá encontrar o restaurante O Lagar. E daí é só aproveitar a comida transmontana, regada à azeite de oliva da melhor qualidade e com sobremesas típicas da região, como o mousse de amêndoas. Aliado a isso, um atendimento impecável e preço justo.

Para levar pra casa vinho e azeite produzido na região – da marca Terras de Moncorvo – compre na Cooperativa Agrícola, com preços bem em conta.

Na pacata cidade de Torre de Moncorvo, você pode hospedar-se na Quinta da Terrincha – em um quarto do hotel ou em uma das casas de turismo rural. Ainda é possível pegar uma das bicicletas emprestada do hotel e explorar os olivais e vinhais da Quinta.

E, por último, e não menos importante: não deixe de visitar a praia fluvial Foz do Sabor, onde se encontram o Rio Sabor com o Rio Douro.

SOBREIRO

Nome científico: Quercus suber

O sobreiro é uma árvore de porte médio que pode atingir entre 10 e 20 metros de altura, com uma copa ampla e não muito densa. O seu tronco é revestido por uma casca grossa e fendida chamada cortiça.

O sobreiro foi instituído como a “Árvore Nacional de Portugal”, pelo seu valor económico e ecológico. Por esse motivo é protegida por lei. Isto é, seu abate é proibido. Desse modo, cada sobreiro é identificado individualmente, de maneira a assegurar a sua rastreabilidade.

O sobreiro pode chegar aos 500 anos. É um carvalho de características únicas. Isto porque é a única árvore que recompõe a casca depois desta ser extraída. Outra característica interessante do sobreiro é que a sua casca espessa e esponjosa permite-lhe frequentemente sobreviver a incêndios que matam outras árvores.

CORTIÇA – material único

É a partir da casca do sobreiro que é extraída a cortiça. A extração da cortiça pode ser feita até 17 vezes durante a vida da árvore – sempre por profissionais especializados.

A cortiça é usada na indústria das rolhas e em aplicações como isolantes sonoros e térmicos, calçados, decoração, tecido, papel, vacinas, entre tantas outras. A cortiça é uma matéria-prima tão perfeita que até hoje nenhum processo industrial ou tecnológico a conseguiu igualar.

Portugal é o maior produtor mundial de cortiça, sendo a cortiça portuguesa responsável por 50% da produção mundial.

O mais antigo e mais produtivo sobreiro existente no mundo é o Assobiador, em Águas de Moura, no Alentejo. Plantado em 1783, atualmente tem 236 anos. Tem mais de 14 metros de altura e 4,15 metros de perímetro do tronco. Em 2018, o Assobiador foi eleito a mais bela árvore da Europa, no concurso “Tree of the Year”. Tem esse nome devido às inúmeras aves canora que se abrigam sobre suas folhas. Já foi descortiçado mais de vinte vezes. Em 1991, o seu descortiçamento resultou em 1200 kg de cortiça, mais do que a produção registrada pela maioria dos sobreiros em toda a sua vida. Só esta extração deu origem a mais de cem mil rolhas.

LOCAL A VISITAR: Coruche -capital mundial da cortiça

Coruche fica no Alentejo, há 45 min de Lisboa. É uma cidade preparada para receber turistas durante todo o ano. Oferece inúmeras atividades ao ar livre como: montar à cavalo, descer o rio Sorraia de canoa, pesca e caça desportiva.

Uma visita ao Museu Municipal e ao centro histórico são indispensáveis, bem como um passeio à beira-rio, a pé ou de bicicleta, aproveitando a ciclovia que se estende por mais de 2km. Pode ainda fazer um passeio de balão e apreciar as belas paisagens da região.

O Observatório do Sobreiro e da Cortiça fica em Coruche. Possui laboratórios e oficinas destinados ao estudo do sobreiro e da cortiça. centro documental e auditório. Possui uma área de exposições que acolhe regularmente exposições temporárias. Mostra assim as novas aplicações da cortiça ao design, moda e arquitetura, entre outras formas de expressão.

O ponto forte da gastronomia de Coruche são as carnes bravas de touro e vitela, peixes do rio, arroz, pinhões e outros produtos da terra.

VIDEIRA

Nome científico: Vitis vinifera (tipo de videira mais frequente na produção do vinho, na Europa )

Conhecida também como parreira ou vinha, são plantas tipo cipós ou trepadeiras, em geral com gavinhas opostas às folhas.

A uva é o fruto da videira.  É utilizada frequentemente para produzir sucos, geléias, vinhos e passas.

Portugal é conhecido pelo vinho doce fortificado, o vinho do Porto, e também pelos vinhos Madeira e Verde. Atualmente, Portugal ocupa a 11° posição entre os países produtores de vinho no mundo.

As regiões produtoras de vinho são o Alto Douro Vinhateiro (com destaque para o vinho do Porto), o Alentejo e o Minho (vinhos verdes).

Enoturismo

Enoturismo é um segmento da atividade turística que se baseia na viagem motivada pela apreciação do sabor e aroma dos vinhos e das tradições e cultura das regiões que a produzem.

Nas unidades de enoturismo se tem a oportunidade de conhecer a história, cultura e tradições do local. E, ainda mais, realizar atividades como:

  • Provas de Vinhos
  • Visitas guiadas às instalações e às vinhas
  • Refeições temáticas
  • Vindima (colheita ou apanha da uva)
  • Pisa de uva
  • Exposições

No norte, destacamos alguns locais para passeios:

  • Quintas do Alto Douro Vinhateiro
  • Caves de vinho em Vila Nova de Gaia
  • Rota dos Vinhos Verdes, na região do Minho

LOCAL A VISITAR: Monção – terra do vinho alvarinho

Monção fica no Distrito de Viana do Castelo, no extremo norte de Portugal, fronteira com a Espanha. Recomendamos a visitação a duas quintas de vinho verde alvarinho: o Solar de Serrade e o Palácio da Brejoeira.

Solar de Serrade

O Solar de Serrade está situado numa propriedade histórica do século XVII, com arquitetura tradicional do Alto Minho. Possui um lindo jardim florido; e os vinhais ao redor do Solar ajudam a criar uma atmosfera agradável. O solar tem estilo rústico e alia o conforto e bom gosto à simpatia dos anfitriões. Este alojamento é recomendado pela boa relação preço/qualidade em Monção.

O Solar disponibiliza ainda visita às vinhas. E na visita à adega, pode-se degustar os vinhos Solar de Serrade, ali produzidos em que muitos deles receberam premiações internacionais.

Ainda há um vinho para ocasiões especiais que é o Solar de Serrade Colheita Tardia. Tem aroma intenso e frutado, com notas exóticas, com paladar equilibrado, com final de boca muito agradável e persistente. Tem uma produção anual de apenas 500 garrafas.

Os vinhos Solar de Serrade são das castas Alvarinho e Trajadura. E a maior parte da sua produção é exportada para o exterior. Em Portugal, só são vendidos em lojas exclusivas.

Palácio da Brejoeira

O Palácio da Brejoeira é um emblemático edifício de estilo neoclássico na cidade de Monção. O Palácio insere-se em 30 hectares que incluem ainda capela, bosque, jardins, vinhas e adega antiga.

Pode-se fazer uma visita guiada no interior do palácio. Lá há vários salões decorados com peças únicas, a maior parte delas no estilo império e oriental. Durante a visita, aprende-se muito sobre a história relacionada à Monarquia portuguesa.

A parte mais pitoresca da visita foi na sala principal, onde há um quadro enorme que retrata D.João VI. Uma ilusão de ótica faz com que, à medida em que se caminha pela sala, os olhos de D.João VI acompanhem você… É realmente impressionante!

Pode-se visitar ainda as vinhas, mediante reserva. E ainda realizar visitas guiadas pela adega e fazer prova dos vinhos verdes da marca Palácio da Brejoeira, que são todos da casta Alvarinho. Muitos com premiação internacional.

Para viver bem Portugal, uma das melhores opções é percorrer a Rota de Vinhos Verdes no Alto Minho!

Se ficou interessado em fazer uma das Rotas de Vinho ou Rotas de Azeite. Ou então conhecer algum dos lugares citados acima, entre em contato conosco. Fazemos um roteiro personalizado para você!

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